Estilos de Arquitetura, Design e Decoração - Parte 3
VOCÊ SABE QUAL É O SEU ESTILO DENTRO DA ARQUITETURA?
Oi pessoal :) Aqui estamos continuando nossa conversa sobre as características e diferenças entre os principais estilos da arquitetura e da decoração.
Esta é a terceira e última parte da nossa matéria, se você ainda não leu a primeira: veja aqui, e se você perdeu a segunda, veja aqui.
É muito importante você entender como tudo começou e se desenvolveu para chegar aos períodos atuais, tudo que aconteceu na história do mundo foi um processo e em nossa arquitetura, construção e design não foi diferente.
O tema é longo e envolve muitos acontecimentos históricos, por isso estamos separando somente os pontos mais importantes e relevantes para este estudo.
Já falamos da era clássica, medieval, renascentista, historicista, modernista, e alguns dos principais períodos e conceitos que envolveram cada um destas eras principais. Agora vamos conversar sobre o pós modernismo e a contemporaneidade - nossos dias atuais :)
A ARQUITETURA PÓS MODERNA
A Arquitetura pós moderna designou uma série de novas propostas arquitetônicas com o objetivo de estabelecer uma crítica à arquitetura moderna e a sua rigidez quase autoritária. Partindo do desejo e da necessidade por mudanças. Este período ficou marcado a partir do ano de 1960 até o final da década de 1990, sendo o seu auge logo após o fim da Segunda Guerra Mundial.
Os arquitetos deste período utilizaram uma série de estratégias para estabelecer uma crítica ao modernismo, principalmente fazendo uma reavaliação do papel da história na composição arquitetônica. Um grande nome deste período foi o arquiteto e historiador Robert Venturi, dos Estados Unidos.
“Eu gosto de elementos híbridos em vez de” puros ” (…) acomodando, em vez de excluindo. (...) Uma arquitetura de complexidade e contradição deve incorporar a difícil unidade de inclusão, em vez da fácil unidade de exclusão ”. - Venturi.
O período e os pensamentos - liderados por Venturi - inspiraram outros arquitetos à novas formas de pensar sobre os edifícios. E, em resposta a famosa frase de Mies van der Rohe “Menos é mais”, Venturi respondeu: “Menos é chato”.
Obra de expressão: Gordon Wu Hall, Robert Venturi (1983), o projeto coleta sinais importantes que estão ao seu redor, ao mesmo tempo que promove sua própria identidade, inclui detalhes históricos e referências antigas, como o padrão heráldico na entrada, pedras-chave, janelas no estilo Tudor-gótico, juntamente com ornamentos renascentistas. Sua fachada é fina e tensa, mas se destaca com uma curiosa mistura de estilos.
| Imagem :: Gordon Wu Hall | Acesso de imagem em: Pinterest | Curadoria: ZFS |
Voltou-se o interesse pela cultura popular e a arquitetura vernacular, uma vez que os edifícios de volumes monolíticos em superfícies de vidro, presentes em cada esquina estava deixando as cidades monótonas e segregadas.
Ao mesmo tempo, na Itália, Aldo Rossi criticava a reconstrução das cidades destruídas durante a guerra no estilo modernista. Suas ponderações eram que aquelas edificações não tinham relação com a história da arquitetura e a cultura das cidades, sua preocupação estava em preservar o tecido histórico e as tradições locais.
A partir de Rossi surgiu a preocupação com a relação que um novo edifício teria inserido aos edifícios existentes, surgindo assim um novo conceito projetual, que acompanhava a escala, altura e modulação das construções - este período foi chamado de contextualismo.
Ainda na década de 1960 surge a preocupação com as políticas urbanas, juntamente com observações sociológicas e críticas à impessoalidade e a segregação que o modernismo trouxe. As cidades já começavam sofrer os impactos negativos da Revolução Industrial, o pós-guerra pedia por mudanças; surgem assim os projetos de revitalização das cidades.
No Brasil, não existiu um debate sobre as consequências do modernismo, mantendo assim uma forte tradição modernista e não permitindo muito espaço para críticas, mas, como um exemplo de arquitetura pós-moderna no Brasil, podemos citar Vilanova Artigas que mostrou-se crítico e insatisfeito ao período.
Obra de expressão: Cemitério San Cataldo, Aldo Rossi (1971), após sofrer um acidente de automóvel e ficar hospitalizado, teorizou sobre a estrutura de seu corpo como um série de fraturas que precisavam ser refeitas. “Estou pensando em uma unidade, ou um sistema, feito unicamente por fragmentos remontados.” Assim, criou um cubo em proporção a sua estrutura envolvendo o vazio.
| Imagem :: Cemitério San Cataldo | Acesso de imagem em: Pinterest | Curadoria: ZFS |
HIGH-TECH
A arquitetura High-Tech é considerada um expressionismo estrutural e um estilo moderno tardio por incorporar soluções de altíssima tecnologia da construção civil. Emergiu nos anos 70, quando o mundo já havia se recuperado economicamente dos impactos da Segunda Guerra Mundial.
O período teve mais força na Inglaterra, Estados Unidos e França, trazendo uma visão otimista do capitalismo e da indústria, e mostrando a importância da máquina à sociedade.
Suas características enfatizam a transparência, expõe todas suas estruturas, instalações e sistemas, possuem estruturas suspensas, ausência de paredes e divisões internas e flexibilidade espacial. Cores fortes estavam presentes juntamente com acabamentos metálicos que lembravam muito a arquitetura industrial.
Obra de expressão: Centre Pompidou, Renzo Piano e Richard Rogers (1977), o conceito do edifício foi externalizar toda a infraestrutura do edifício, tornando-a um componente visual em todo edifício. A função de cada tubulação foi pintada em uma cor diferente, e a solução possibilitou um interior completamente livre e desobstruído.
| Imagem :: Centre Pompidou | Acesso de imagem em: Pinterest | Curadoria: ZFS |
DESCONSTRUTIVISMO
É uma linha pós-moderna que começou no fim dos anos 80, caracterizada pela fragmentação, pelo desenho não linear, pelas formas não retilíneas que distorcem e deslocam alguns dos principais elementos da arquitetura, como a estrutura e o envoltório - paredes, piso, cobertura e aberturas.
A aparência deste estilo é de um caos controlado e uma imprevisibilidade.
Este estilo caracteriza-se por ter mudado radicalmente a arquitetura, sendo um momento de libertação das linhas e ângulos retos, mas é importante destacar que o aspecto comum dessa prática é não ter características definidas, é um período de teste ao limite das edificações e das formas.
Para os profissionais que se encaixam nesta linha de pensamento - diferentemente da era modernista - forma e função eram coisas diferentes e não precisavam concordar entre si.
O conceito desconstrutivista surgiu com as indagações do filósofo Jacques Derrida, com a ideia de que o significado das coisas muda de acordo com o tempo e com a percepção, tal pensamento fez surgir na arquitetura o interesse em desafiar a ideia de que um edifício é apenas uma obra, assim deveria causar inquietação, reflexão e laços emocionais com seus espectadores.
Um edifício que transcenda a sua função.
Obra de expressão: Museu Guggenhein, Bilbao, Frank Gehry (1997), o museu que mudou a maneira como arquitetos e o público pensam sobre museus e impulsionou a economia de Bilbao com muito sucesso. Construído em titânio, calcário e vidro, as formas são projetadas para capturar a luz e reagir ao sol e ao tempo. O edifício se assemelha à um barco visto do solo, trazendo uma lembrança do passado industrial portuário da cidade.
| Imagem :: Museu Guggenheim | Acesso de imagem em: Pinterest | Curadoria: ZFS |
A ERA CONTEMPORÂNEA
- Chegamos aos dias atuais :)
Comentei com vocês no artigo anterior que muita gente confunde o período moderno com a atualidade. Na verdade, o Brasil sofreu forte influência do período modernista, por isso acaba ficando um pouco confuso para muitas pessoas, mas agora você já conseguiu compreender como nossa história se desenvolveu e evoluiu ao que estamos vivendo.
A era contemporânea é o período atual da história ocidental, com início à partir da Revolução Francesa (1789), um momento marcado pela consolidação do capitalismo no ocidente e de grandes transformações causadas pelo desenvolvimento tecnológico.
A arquitetura contemporânea é marcada pelo pluralismo, não possuindo uma corrente única de linguagem; este é um momento onde cada profissional reinterpreta a arquitetura de sua maneira; mas como característica geral, podemos citar a funcionalidade das edificações, uma boa solução em projetos, a otimização de espaços, a preocupação com a escala humana, o uso de materiais, cores e texturas diferentes em um mesmo projeto, a inclusão da tecnologia para projeto e para o conforto do usuário fazem parte do cenário.
Obra de expressão: Amager Bakke, BIG (2018), é uma usina que transforma resíduos em energia, foi desenvolvida para substituir a usina existente em Copenhagen. O seu projeto foi desenvolvido para ser um destino turístico e é um marco para o design ambiental. A usina fornecerá aquecimento para 97% das casas e eletricidade para cerca de 4.000 pessoas, além disso sua cobertura funciona como uma pista de esqui para o engajamento da população.
| Imagem :: Amager Bakke | Acesso de imagem em: BIG | Curadoria: ZFS |
|| O CONTEMPORÂNEO NA DECORAÇÃO E NO DESIGN ||
Nos interiores, decoração e design a palavra-chave é a liberdade. O contemporâneo é o estilo mais abrangente, permitindo uma série de soluções e adequações para a melhor funcionalidade, conforto e estética dentro dos ambientes.
Assim como na arquitetura, cada profissional vai trabalhar dentro de um estilo - podendo ser próprio ou uma releitura de estilos passados, por isso é importante você saber qual estilo é o seu preferido e conversar sobre as possibilidades deste estilo antes de começar a reforma ou decoração.
Em um modo geral, o contemporâneo se dividirá em diversos outros temas, que vamos explicar a seguir - dentro de interiores, o estilo de decoração seguirá sempre a mesma linha ou mesclará estilos.
O que o estilo contemporâneo não tem é o excesso de adornos como na linha clássica, medieval e a renascentista. Também não costuma ser tão rígida quanto o modernismo, mas algumas releituras destes períodos com linhas atualizadas costumam existir.
| Imagem :: Decoração Contemporânea | Acesso de imagem em: Pinterest | Curadoria: ZFS |
MINIMALISMO
O movimento minimalista prega o desapego em todas superficialidades e excessos de bens materiais para focar apenas no essencial. Pessoas com preferência à este estilo costumam fazer deste o seu estilo de vida.
Nesta decoração, estão presentes o mínimo possível de móveis, objetos ou detalhes. Os mobiliários e a arquitetura seguem linhas retas, espaços vazios e cores sóbrias. Os materiais são de alta qualidade e muito duráveis.
Os minimalistas defendem que ter menos coisas é ter mais liberdade.
| Imagem :: Decoração Minimalista | Acesso de imagem em: Pinterest | Curadoria: ZFS |
ESCANDINAVO
É o estilo conhecido mundialmente pela simplicidade, funcionalidade, beleza e bom design. Possui poucos móveis e muito conforto e em materiais duráveis, além de linhas retas e um visual aconchegante.
Como o próprio nome diz, o estilo surgiu na Escandinávia, trazendo ao mercado mundial suas prioridades de design, como a valorização da luminosidade natural dentro do ambiente, as cores neutras na decoração, com preferência ao branco, tons de cinza e bege e texturas em madeiras claras e tecidos naturais. Estas prioridades existem pelo fato da região possuir um inverno rigoroso, assim, criou-se um conceito de valorização dos espaços internos com aconchego, qualidade e conforto.
| Imagem :: Decoração Escandinava | Acesso de imagem em: Pinterest | Curadoria: ZFS |
FUTURISMO
Quando criamos um estilo futurista a tecnologia não pode ficar em segundo plano. O espaço deve conter funções automatizadas desde iluminação até mobiliários e sonorização, deve prezar pelo conforto e praticidade; São espaços inteligentes que se adequam de forma personalizada às preferências de quem a for utilizar.
Nas cores, existe uma predominância de brancos e azuis, podendo existir pontos de contraste em cores vibrantes ou sóbrias. Mobiliários em formatos criativos que remetem ao movimento e a fluidez, geralmente seguem linhas arredondadas.
Este é o estilo que mais permite ousar com formas e um design único.
Todo o estilo futurista, desde a arquitetura até interiores remete ao espaço e a tecnologia necessária para atingi-lo, possui pouca ornamentação e poucas texturas.
| Imagem :: Decoração Futurista | Acesso de imagem em: Pinterest | Curadoria: ZFS |
INDUSTRIAL
O estilo industrial nasceu entre as décadas de 1950 e 1970, especialmente em Nova York, quando as pessoas precisaram transformar antigos galpões industriais em lares - surgem os lofts.
Este estilo é marcado por possuir tubulações aparentes, acabamento metálico envelhecido, paredes em concreto aparente e tijolo à vista. As texturas remetem à algo inacabado e à imperfeição dos revestimentos marcam a passagem do tempo.
Também costumam estar presentes grandes janelas com esquadrias em ferro ou aço em cores escuras e a falta de divisórias em ambientes - Tudo que lembre uma fábrica antiga.
| Imagem :: Decoração Industrial | Acesso de imagem em: Pinterest | Curadoria: ZFS |
RÚSTICO
A decoração rústica é cheia de texturas e materiais naturais, é aquele estilo que você olha e percebe a natureza - remetem à floresta, à caverna, ao rio, ao campo -, é um estilo que acolhe, convida e conforta. Possui iluminação natural ou artificial quente, pedras, tecidos naturais, e muita madeira.
Nesta decoração a natureza sempre é bem vinda e, se tratando de uma residência podemos abusar de grandes janelas para integrar o interior ao exterior.
Um material especial é o tijolo em sua forma natural, irregular e em modelos bem texturizados. Também podemos usar o couro, o cimento queimado e o ferro neste estilo. A predominância de cores são as terrosas, podendo existir pontos de destaque em cores mais vivas, como o verde, mas sempre mantendo um equilíbrio de texturas, objetos e cores.
| Imagem :: Decoração Rústico | Acesso de imagem em: Pinterest | Curadoria: ZFS |
Esperamos que este artigo tenha esclarecido algumas de suas dúvidas, e que possa te ajudar durante a escolha de qual linha seguir dentro da sua casa ou apartamento, cada um desses estilos, dentro dos três artigos que trouxemos são especiais e possuem seu valor. Por isso é importante você conhecer o contexto histórico de cada um deles, antes de definir em qual cenário deseja construir sua história :)
||| Escrito por :: Vanessa Techio - Arquiteta, urbanista.
Fundadora da ZFS Arquitetura |||